sexta-feira, 28 de dezembro de 2012


O BOICOTE DAS AURÉOLAS

O estabelecimento está fechado!
Me afobo com a cinza e com o acesso...
Cuspo meio  débil a casca de castanha,
Declaro meu amor por Maria
Com poema e entonação ... que ela não escuta.
Gaguejo o plano ao rato molhado
E espero por ela.
Enrubesço com estima sintético
Ao sabor de torrada,
Encontro turmalina minha de vidro
Em teus dedos.
No internato, cuspo duas auréolas.

28 – 12 -2012

O APITO DE ODELI

Quero anunciar meu fracasso!
Quero assoprar meu apito aos cachorros...
Eles.

Escrever em papéis avulsos que se perdem
E ignorar os cadernos...
Incinerar os flancos
E abominar as rasas...
Porque as rasas afogam os cachorros:
Eis a coleira...
A coleira de ramo de louro!
Que abdicar do apito aos cães
Porque o sólido se desfaz
Em colunas altas e retorcidas
Pena que os cães não olham para cima
E se deitam abaixo das colunas
Sem ver as abóbadas...
Estouro o flavor do ar com o apito
Que ecoa nas abóbadas, no silêncio...

Quero anunciar meu fracasso:
Ajuntei cães cegos embaixo da abóbada
Que não entendem meu apito...
Soltei-os e eles latem para mim
Que pena!!!
Não ouvem nem seus latidos
E tomo café cremoso:
Expulso do lar as pulgas dos cães surdos.
E penduro em seus pescoços o apito...
Que tentam arrancar e desmerecer.

Quero lamentar meu fracasso:
Sou um péssimo treinador de cães!

28 – 12 – 2012

(Por Dionísio Odeli)

domingo, 9 de dezembro de 2012


A CARTEIRA NO PRATO

E a velha Clementefalida?
Ainda mora no 222?
Requenta a sopa de sexta e liga o aspirador?
Não ouve música e se alucina com chá?
Fascículos de revista velha...
Sabão em pau e querosena.

E fui ao restaurante: pedi filé e salada
Me veio uma carteira e um lenço
Chorei com um lenço e bati aquela carteira
Com soluços, resumi toda crise...
E com prantos, comi uma nota de cinqüenta!

21 – 11 - 2012

terça-feira, 4 de dezembro de 2012


UM DEDAL

Até quando você vai esconder a cesta?
Romper esses rumores e ameaçar minha crias
Com salitre e novelas?
Tudo mais é aceitável...
Menos o auxílio ao crespo.
Forámens encrispados
E riscos nos vidros ensopados.

Sua audiência abissal:
Gritando valores de feira,
Preço de tomate e alecrim...
O tomate é nosso!
É a fuga verbal.
Venha comigo mestre...!
Alcance a calculadora,
Limpe a vidraça,
Pode o bonsai...
Mas o tomate é nosso

E quero que venhas comigo
Aferir minha pressão
Consultar a lente dos óculos
E ver a acunpuntura do chacra invertido.
Ao cimento e à poeira:
Um pronome heteroafável:
Um conjunto vazio e uma esfera antropocentrista.
E uma pedra filosofal.
Aguarde na fila:
Opere um milagre,
Enfrente o agiota,
Dissolva a queratina
E quero que venhas comigo!
A grande ausência do pigarro
Faculdades mentais atrevidas
E provérbios incinerados
Num aquário geopolítico.
Perfeitamente:
A ternura equivocada
O despeito ambulante
A floresta florista
E os alqueires dissimulados
Com bancarrotas afastadas.
Eu quero que venhas comigo
Sem ameaças e cabelos compridos
Por cima dos ombros...
E sapatos grandes para andar desajeitado
Numa parábola dissonante ao erro mediado
E meritocracia às avessas do comer...
Chefe-mestre... mercado consumidor 01.
Esbofetear planilhas
E soluçar soluços alcançados
Por distintivos de bronze.
Agora não quero mais que
Venhas comigo.

04 – 12 – 2012