sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Mensagem de fim de ano

"O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis." (Fernando Sabino)

   Todos sabemos que o ano não vai acabar. Tudo bem vai-se acabar... Mas numa minúscula parte do mundo, onde não vive um quarto da população do mundo: o Ocidente. O nosso calendário diz que o dia 31 de dezembro é o último dia do ano, mas não é... Pois há o calendário chinês, por exemplo, que nem tem 31 de dezembro. Por isso não se incomode se eu não lhe der ano novo, porque não é para mim. Só haverá para mim um ano novo quando tudo estiver em paz, em perfeita harmonia, quando não houver mais direita e esquerda na política, então chame-me que eu irei comer o pernil e me vestir de branco, enquando isso... Bem, enquanto isso eu convivo com o ano velho, o século velho, o milênio velho... Só que o coração novo.

Feliz coração novo.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

RETALHO POÉTICO


I
Na minha cidade não tem balões,
Nem céu, nem gente...
Não tem corações, nem sementes.

Na minha cidade não tem vida,
Nem sonhos, nem terra, nem mar...
Não tem capa colorida, nem direito de sonhar.

Na minha cidade, que amo
Não tem mais seu corpo, seu sentimento,
Nem chamo, nem choro, nem lamento.
Fico deitado no tapete da solidão
De lã da minha sala...
Palpitando meu coração.


Escrito a 27 de junho de 2010.




 

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

UM COMENTÁRIO SOBRE CLARICE LISPECTOR






    Muito mais do que uma escritora, uma filósofa existencialista! A mente brilhante de uma escritora capaz de resgatar pensamentos e sentimentos do fundo mais profundo da alma. Sua capacidade de excitar os momentos mais banais do cotodiano de cada ser pensante.
   Trata-se da minha escritora favorita. Ninguém mais igual a ela consegue me surpreender com aventuranças e linhas de raciocínio que fogem do clichê e do lugar-comum. Aquelas velhas "formulazinhas" inventadas por escritores já ultrapassados, que o soneto deve conter catorze versos e que o conto deve ser uma narrativa curta é muito respeitada por mim; no entanto, nos dias atuais é impossível manter uma moda do século XVI e XVII no Brasil ( e no mundo) e devido a isso surgiram escritores como ela que abandonaram tal modo arcaico e exibiram um método diferenciado, renovado, inovado de escrever livremente: "Assim como somos livres para pensa e "estamos condenados a viver em liberdade" devemos fazer a mesma coisa no papel e/ou na tela de um computador" - para que as gerações futuras vejam o nosso método de escrita e se orgulhem dele.
   Uma mulher, na maioria das vezes isolada, apenas tendo como companhia sua máquina de escrever, desvendou um mundo paralelo ao nosso dia-a-dia; ela projetou um formato diferenciado de pensamento com uma linguagem diferente e um diálogo mais humano do que homérico, diferenciando-a dos demais e fazendo-a merecer um Nobel (que jamais foi-lhe concedido).
   Nossa querida Macabéa (do romance "A hora da estrela") codifica o ser humano atual: indiferente aos acontecimentos mundanos, desvalorizado pelos sentimentos mais profundos tais como amor, amizade, carinho. O ser humano que vive diariamente numa grande cidade que não reconhece seus "filhos", ainda mais que não sejam dela (Macabéa é uma retirante nordestina); deste ponto pressupõe-se que se trata de um livro mais que literário, um livro sociológico. Uma obra que caracteriza o poder de anulação individual  por meio de grandes centro urbanos, traduzindo: A solidão em meio a multidão.
   Além de G.H. (do romance "A paixão segundo G.H.), que demonstra o abandono do amor, o abandono de uma caracterização histórica. Uma mulher filosofando em um apartamento logo após ter mordiscado um pedaço da barata que acabara de esmagar. Ela sente o sabor da linfa e vai saboreando momentos de sua vida.
   O caráter epifânico, aliás, em Clarice Lispector, é quase que obrigatório. É impossível dizer se a personagem é atéia, mas sabe-se que crê em algo superior (seja uma barata ou uma cartomante trapaceira.) e que se dispõem a entender os seus deuses e interrogá-los até que isso morre ou se perdem.
   É necessário dizer que quem deseja ler Clarice, deve ter muito cuidado para não se deixar impressionar pois o mergulho é profundo e irreversível. Existe algo nela que permite você ler muito mais do que um romance, mas uma bíblia reeditada, revista e diminuída para os dias de hoje. Simplesmente perfeita!


segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

SEM TÍTULO

Este é o meu ninho de carne,
Não, não tenho osso...
Me sustento pelo espírito,
Que come jiló, aipim e pimenta.
O meu ninho de carne já apodreceu...

Escrito a 02 de julho de 2011

domingo, 25 de dezembro de 2011

COISAS DA VIDA - CLARICE LISPECTOR

"Já escondi um amor com medo de perdê-lo,
Já perdi um amor por escondê-lo,
Já segurei nas mãos de alguem por estar com medo,
Já tive tanto medo ao ponto de não sentir minhas mãos.
Já expulsei pessoas que amava da minha vida,
Já me arrependi por isso....
Já passei noites chorando até pegar no sono,
Já fui dormir tão feliz, ao ponto de nem conseguir fechar os olhos...
Já acreditei em amores perfeitos,
Já descobri que eles não existem....
já amei pessoas que me decepcionaram,
Já decepcionei pessoas que me amavam...
Já passei horas na frente do espelho,
Tentando descobrir quem sou,
Já tive certeza de mim,
ao ponto de querer sumir ...
Já menti e me arrependi...
Já falei a verdade e tambem me arrependi....
Já fingi não dar importância as pessoas que amava,
Para mais tarde chorar quieta em meu canto....
Já sorri chorando lágrimas de tristeza,
Já chorei de tanto rir...
Já acreditei em pessoas que não valiam a pena,
Já deixei de acreditar nas que realmente valiam....
Já tive crises de risos quando não podia...
Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar uns,
Outras vezes falei o que não pensava para magoar outros.
Já fingi ser o que não sou para desagradar outros...
Já senti muita falta de alguem,
Mas nunca lhe disse.
Já gritei quando devia calar.
Já calei quando devia gritar...
Já contei piadas e mais piadas sem graça,
Apenas para ver um amigo feliz...
Já inventei histórias de final feliz, para dar esperança a quem precisava....
Já sonhei demais,
Ao ponto de confundir com a realidade...
Já tive medo do escuro,
Hoje no escuro "me acho, me agacho, fico ali"....
Já caí inumeras vezes,
Achando que não iria me reerguer,
Já me reergui inumeras vezes, achando que não cairia mais...
Já liguei para quem não queria,
Apenas para não ligar para quem realmente queria....
Já corri atrás de um carro,
Por ele levar alguem que eu amava embora.
Já chamei pela mãe no meio da noite,
Fugindo de um pesadelo, mas ela não apareceu e foi um pesadelo maior ainda....
Já chamei pessoas próximas de "amigo", e descobri que não eram,
Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada,
E sempre foram e serão especiais para mim....
Não me mostre o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração!...
Não me façam ser o que não sou,
Não me convidem a ser igual,
Porque sinceramente sou diferente!....
Não sei amar pela metade,
Não sei viver de mentiras.
Não sei voar com os pés no chão....
Sou sempre eu mesma,
Mas com certeza não serei a mesma para sempre!
Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes.
Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar de um penhasco q eu vou dizer:
- E daí? EU ADORO VOAR!

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

FOTOGRAFIA

Cheira querosene!
O lampião do mato cubano.
O filme queimado.
A descoloração, o sépia!
Tudo cheira querosene.
Até o sépia cheira querosene.

Eufórico fui me subtraindo!
Fui descontando do meu ser o sépia.
O querosene continua em mim.
Ele vai exalando o cheiro
Almiscarado... Desodorizando:
O meu ser, a minha alma, meu ser.

Aquela foto pode descolorir,
A minha foto não!
A minha foto é um sorvete.
A minha foto é caridade.
A minha foto é sépia.
A minha foto é querosene.

escrito a 26 de outubro de 2011

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

LEVEZA

Tenho comigo plumas de pavão,
Fui guardando à medida que o tempo
ia passando...
Fui guardando nos talos do pensamento.
Fui guardando.

Às vezes penso em soltar pluma,
Abrir mão e deixá-las pelo ar,
Bailando e escrevendo suas belezas.
Têm um verde sombrio e destacado...
No meio do verde do mundo.

Joguei minhas penas no lixo e aprendi...
Que apenas a ti posso dar valor.
Por isso te amo!

escrito a 29 de maio de 2011 

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

O ROUBO

Me levaram dois milheiros de telhas...
Três barras de ferro
E um coração pulsante
Que foi furando na caixa de isopor.

Ele pulava na caixa fria.
Me levaram, não.
Ela! Moça dos olhos de mel.
Moça ladra de amor, tão sedutora.

Acende charutos e cigarrilhas
Que são um ponto luminoso na escuridão
É o seu símbolo, depois da noitada
Depois de toda ação.

Veste uma saia curta,
Com poucos brilhos,
Mas muitas lantejoulas
Que roubaste em algum lugar.

Mas, mais trágico que o roubo do meu amor
Mais trágico que o fim de minha morte,
Mais trágico que um terremoto
É tu ires embora, sem dizer adeus.

Escrito a 27 de maio de 2011

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

CREME FLUTUANTE

O abismo...
Cheiro de alfavaca e
capim.
Nonas e velhos
Alferes e bismutos,
Colonos.
Freios, rodados de carroça e
Incêndio!
Baixos momentos de calor...
Brisa da praxe do momento,
Devaneios, toques, flavores...
Amarelidade deficiente
Anêmica, homérica
Ah, profunda aerada...
Chove, lava a poeira,
Limpa o lenço da quitanda,
Inflama a conjuntiva e
se perde no desejo.
Dínamos ferem engrenagens
Admirável mundo novo!
Mas não nega o humano frio,
Uma gota quente
De baunilha em creme
Em corte,
Em cerne,
Em fava...
Fava doce,
Fava dourada
Fava em favas vermelhas
Desenhadas em cachos
De orquídeas perenes
Da vizinha da mãe
Que flutua na água.
Os nervos carcomidos
Da água a água salgada
Das profundas matérias vivas do chá.
Profundas essências artificiais
Que não dão gosto...
Dão sobriedade,
Enfermidade,
Poemas sem talo...
Perseguidos...
Por olhos inexperientes,
Olhos convidativos
Que remoem a fava doce,
Que multiplicam as sementes...
Sementes negras e fraturadas,
Humildade,
Eu te peço humildade,
O verde talo do planeta,
Que bebe álcool e chupa gengibre,
Que fere a si mesmo.
Arde em chamas...
Os nervos carcomidos
Do sargaço,
Que flutua na água...
Das profundas matérias vivas do chá.
Profundos cremes...
Que na tigela
Não dá pra ver o fundo...
Só na face...
Face de camélia ionizada.

Escrito a 22 de julho de 2011

sábado, 17 de dezembro de 2011

MURIÇOCA (PARTE III)

            - Farei o possível para manter todos atenciosíssimos ao jornal.
            Foi num momento em que escrevia tedioso quando olhei para cima e levei um susto com ela... Ah, que beleza sublime, que olhos maravilhosos!
            - Soube que o senhor tem publicado poemas com dedicatória...
            - Sim, posso ajudá-la nisso?                          
            Ela me deu um manuscrito e eu li desatenciosamente. Nem soube direito o que ela havia escrito ali. Sei muito bem que o aprovei.
            - Posso publicar ainda hoje, senhorita. A propósito, como é o seu nome?
            - Ah, desculpe. É Clarissa.
            - Clarrisa... Clarissa de quê?
            - Clarissa Borges.
            - Vai mandar este poema para alguém?
            - Sim. Mas não tenho coragem de me identificar... Ou... identificá-lo.
            - Amor platônico?
            - Sim.
            Meu coração naquele momento sangrou, não sei se deveria ter pena de mim mesmo ou dela... Tive pena de mim mesmo:
            - Não publicamos poemas sem autoria.
            - Ponha aí, então. Pode escrever o meu nome. Dedico este poema a Manoel de Souza Fraques. Obrigada.
            Depois de uma longa conversa com Becker cheguei à conclusão que não valeria a pena correr atrás de Clarissa. Mas, mesmo assim, escrevi um poema dedicado a ela. Era um poema simples, sem muitos enfeites lingüísticos, porém demonstrando de forma real todo o meu amor que sentia por ela. Era um soneto que a identificava como o óleo do candeeiro, a luz da estrada na noite sem lua. Era bonito, mas não sei se chegava aos pés dela. Enfim, terminei de escrever e levei para Becker pôr os tipos adequados. Ele olhou, desacreditado, para mim e deu uma forte tragada no seu cachimbo e se dispôs a procurar os tipos ideais para o poema.
            - Tem certeza que quer fazer isso?
            - Tenho. Espero que ela retorne o meu amor.
            - Faça como quiser.
            - Obrigado.
            O poema saiu no dia seguinte e foi parar o jornal em minha mesa. Quando me sentei, olhei vagarosamente o jornal, fui lendo as notícias e concretizando a minha poesia, pensava se Clarissa já havia lido meu poema... Foi quando cheguei a última folha do jornal e meu poema está lá... Desenhado com as letras definitivas de Becker e mais o quê? Um... Um bilhete?
            - Lindo poema, muito obrigada. Saiba que eu também te amo. Fui aí só para lhe conhecer melhor naquele dia. Não existe nenhum Manoel, queria vê-lo.
            O amor tomou conta de mim. Eu escondi o bilhete de meu editor-chefe, se ele visse que não existe nenhum Manoel, estaria com problemas. Publicando personagens inverossímeis.
            Dediquei outro poema à Clarissa e recebi outro bilhete...
            - “Quero lhe encontrar esta noite... Na taberna, às oito. Beijos.
            Fiquei extasiado. Meus olhos estavam tão abertos, que pensei que minha poesia fosse entrar diretamente pelo meu cérebro.
            - Cuidado muriçoca. Você sabe como são as mulheres, cheias de venenos...
            - Vou me cuidar, Becker. Mas o senhor consegue diagramar este poema para mim?
            - Claro, Muriçoca. É bem simples. Estará no jornal de amanhã, bem fresquinho.
            - Muito obrigado, senhor Becker... Muito obrigado.
            - Por nada menino, por nada.
            Vesti-me com um belo blazer e pus até mesmo perfume. Penteei meus cabelos e minha mão me deu sua pedra da sorte. Era uma safira que eu deveria carregar no bolso: dava sorte no amor. Ela sempre me dizia isso. Fechei o portão da casa e fui andando pela rua. Os acendedores de iluminação pública estavam começando seus serviços. Encharcando os panos com querosene para, depois, atear fogo.
            Parecia que eu nem estava caminhando, estava flutuando. Meus sapatos, muito bem engraxados, brilhavam em meio à escuridão. Passei na frente da vendo do senhor Moacir, que vendi deliciosos embutidos. Passei na floricultura do Fonseca e do açougue do senhor Pires. Todos estavam contanto dinheiro e fechando seus estabelecimentos.
            Na precinha estava ela. Com um vestido de organza, muito enfeitado. Fomos à taverna. Ela não bebia, mas pediu uma garrafa de vinho para mim. Eu comecei a beber e minha sobriedade foi passando com as horas, fui me sentindo mal e mal, muito mal. Minhas unhas começaram a ficar roxas, meus lábios começaram a formigar e Clarissa me levou para fora para respirar. Ninguém havia notado minha saída no boteco. Foi quando eu vomitei e senti um órgão interno meu, morrer. Ele havia estourado dentro de mim. Senti uma dor descomunal e meus olhos se fecharam rapidamente. Clarrisa deixou um bilhete em minha mão. Foi ela quem me envenenou com cianureto:
            - Aqui vos deixo, não tenho a quem eu amo.
            - A senhorita gostaria da trabalhar na redação, na área de poesia?
            - Sim, gostaria muito.
            - Estive lendo uns poemas seus, de edições anteriores e achei-os excelentes.
            - O senhor é o redator-chefe e sabe como enquadrar o meu poema em seu jornal.
            - A coluna é sua, senhorita Clarissa.
            - Obrigado senhor, não vai se arrepender.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

PEQUEÑA

Como mi corazón, yo soy una vena
Llena de la sangre bailante.
En mi corazón hay una vida
Llena de besos
Yo no tengo un corazón, pero dos!
Uno de mi lado
Y otro volando.

traducción...

Igual meu coração, eu sou uma veia
Cheia de um sangue dançante.
Em meu coração há um vida
Cheia de beijos
Eu não tenho um coração, mas dois!
Um do meu lado
E outro voando.

Escrito a 28 de junho de 2011.
Por Hector Maíra

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

LIVRO INDICADO PARA LER NAS AREIAS DAS PRAIAS!

O VELHO E O MAR






FICHA DE LEITURA:

Autor: Ernest Hemingway
Primeira edição: 1952
Editora: Bertrand Brasil
Prêmios: Nobel de 1954

CITAÇÕES:

"Matei-o em legítima defesa."
"O velho sonhava com leões."
" - E a espada? / - Fique você com ela se quiser."

BREVE RESUMO:

   O livro conta a história de um pescador que, depois de 84 dias sem apanhar um só peixe, acaba fisgando um de tamanho descomunal, que lhe oferece inusitada resistência e contra cuja força tem de opor a de seus braços, seu corpo, e, mais do que tudo, de seu espírito.

OPINIÃO:

   A imagem do velho é, sobretudo, admirável! A sua paciência, a tranquilidade, a cerebralidade, a inteligência, o conhecimento e as tradições de um velho pescador cubano que não tem curso superior, mas entende a natureza que o cerca e tenta fazer dela sua companheira.  A humilde figura do menino que não o acompanha na pesca do grande peixe, isso deixa o velho mui desamparado, porque não tem com quem conversar na longa espera pela captura do peixe em alto mar. Ele é tão poderoso com os sentimentos que chegar a amar o peixe que vai capturar. Chega, de se certa forma, torná-lo seu irmão. O grande best-seller traz um mensagem pregando mais perseverança na superação de desafios e sobretudo, calma para se enfrentar problemas cotidianos e corriqueiros. Foi, na minha opinião, o melhor livro que li no ano! Cinco estrelas para ele.
   

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

REAÇÃO

Não amo mais o amor,
O leopardo que me abençoe
Que estou sozinho no meio do mar
Que estou sentindo calor
Até que o sino soe,
E eu vá embora,
Com o jornal de ontem.

Escrito a 28 de junho de 2011


MURIÇOCA (PARTE II)

            - Se você trabalhar muito, terá uma coluna de poesia somente para você. Meu poema foi publicado na manhã seguinte. Minha mãe mal se conteve ao ver meu trabalho ali, de forma tão especial. As letras da coluna de poesia eram diferente das do resto do jornal. Tinham um ar gótico, eram muito trabalhadas. Quem fazia essas letras era um tipógrafo alemão, que se tornou muito meu amigo, tal de Becker.
            Ele foi quem me apoiou a escrever mais. Quem sabe escrever uma crônica? Fiquei uma noite toda tentando escrever uma boa crônica. Fui infeliz, meu negócio mesmo era poesia. Era o verso. Era preencher meu vazio com o verso.
            Por eu ser magro e baixo, como meu pai, fui apelidado pelo pessoal do jornal de muriçoca, uma espécie de mosquito menor que de costume. E foi certa vez que veio um rapaz de minha idade...
            - Com licença, você poderia publicar este poema?
            Eu o olhei com todo o carinho. Meus olhos foram se enchendo com toda a lembrança de minha infância. Era um lindo poema de amor.
            - Quero que você dedique à Luísa Marcelos Vieira, por favor.
            - Sim, posso publicar no jornal de depois de amanhã? Que o de hoje já tem um poema na frente e o de amanhã é meu.
            - Claro que pode.
            - Muito obrigado.
            Assim que o poema do rapaz saiu, moços da cidade toda vieram publicar poemas seus no jornal. Virou uma espécie de frenesi. Cada rapaz vinha com seu manuscrito em mãos, eu lia e publicava quando podia. O editor-chefe, então, foi conversar comigo:
            - Senhor Heitor, acho que o senhor merece uma coluna somente para si.
            - Não, quero ficar onde estou. Quero publicar o poema para esta gente. Eu tenho espaço na coluna uma vez por semana e está ótimo para mim.
            - Não esqueça, Heitor, que não somente enamorados querem publicar seus trabalhos, mas sim os outros também. Ouvi umas reclamações a respeito do senhor, pelos poetas mais velhos.
            - Jornal nunca foi tão bem vendido antes, como é agora, senhor.
            - Eu sei, senhor Heitor, mas quero os velhos leitores e publicadores de volta também.
           

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

MURIÇOCA


02 de abril de 2011
            Não me lembro nada mais além do meu serviço como poeta dentro do jornal que comecei a trabalhar logo cedo, com treze anos. Meus primeiros versos foram aos oito, mas versos mesmo escrevia aos doze, treze. Comecei a ler poesia de grandes autores franceses e nacionais. Não se despreza uma poesia ou verso se quer. Minha visão poética era determinada pelo espírito da poesia. Se o poeta chorava quando escrevia, eu chorava enquanto lia. E meus olhos se enchendo de água até estourar um choro duro e melancólico. Meus pais eram assim: minha mãe escrevia poucos versos, pois não tinha muita instrução e meu pai chorava muito quando lia as poesias da minha mãe, e era uma espécie de sentimentalismo entre os menos afortunados: a minha família.
            Quando meu pai leu meu primeiro poema, não gostou. Achou pobre e sem rimas. Era um poema que parecia ter sido copiado dos outros poetas todos de minha época. Fiquei aflito ao meu segundo. Abri um sorriso. Meu pai disse que havia ficado melhor do que o primeiro. A partir do meu quinto poema, que foi um soneto, meu pai disse que não precisava mais ler meus poemas, eu já era maduro o suficiente para escrever minhas poesias para mim.
            Escrever poesias para si... Eis o foco dos grandes escritores. Escritores de renome internacional se definhavam a escrever para si mesmos, queriam as grandes obras, versões definitivas e movimentos esplendorosamente europeus. Eram já velhos e ainda não sabiam ler um poema decentemente, pelo menos assim meu pai falava. E escrevi um lindo soneto numa sexta-feira à tarde. E fui correndo até o jornal mais importante da cidade. O editor-chefe olhou, olhou e nada me falou. Ergueu as grossas sobrancelhas:
            - Achei muito boa sua poesia. Mas não há espaço para publicarmos seu trabalho aqui. Temos uma pequena coluna para poesia.
            Sentei-me num banco do jornal e peguei uma folha de papel da mesa do editor-chefe, peguei o tinteiro dele e reescrevi o poema em forma de soneto inglês, totalmente condensado e próprio para caber no jornal dele. Ele me elegeu o novo diagramador do quadro de poesias.

GLICOCÁLIX

Estou recoberto de espinhos...
Carrego uma coroa: ela é pesada e infame.
Meu sangue passeia em gotas pelo meu corpo quente.
Vou carregando a cruz pelo caminho
Um caminho maldito que me forçam seguir,
Eu não quero segui-lo!
Eu não quero segui-lo!
Vocês não entendem que sou um sanguinário?
Mato os pombinhos para deles fazer guisado.
Passo na máquina de moer e...
Pombo moído saindo.
Não quero matar mais ninguém,
Somente os pombos moídos. Nada mais!
Somente o meu entendimento sobre pombos.
E continuo seguindo meu caminho coberto...
Vou me arrastando moído pelo caminho.

Escrito a 01 de junho de 2011

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

A SER

Sou a ser. Nada de ser!
Serei apenas um projeto
Nada mais que um projeto falido.
Cheio de graça e benzido
Com água do Açu.

domingo, 11 de dezembro de 2011

A CRIAÇÃO

Presentes. Presentes.
Formidáveis presentes.

Presentes que joguei na beira do lago.
Fui-me obrigado:
Eram presentes inúteis
Que se desfaziam em pó
quando os pegava.
Eram fragmentos de poesia.
Eram migalhas que versos
Que eu escondia dentro de mim.
Possivelmente alguém irá recolhê-los.
Alguém, assim que eu morrer...
Jogará as cinzas de poesia no riacho mais próximo.

E sobre a minha tumba ornará com antúrios
E beijará meus lábios de morto
Enquanto meu amigo cachaceiro
Tocará em sua flauta
Uma melodia da fundo da renascença.
Este será seu presente,
Esta será sua presença,
Invadida,
Resolvida,
Por mim,
Assim,
Que morrer.

Um copo de vinho seco
Uma dose de uísque
Deveras um poderoso golpe na minha nuca.
Doravante um golpe em meu braço
Será diário.
Tem de ser diário.
Sobretudo quando meu braço vier a doer
E inchar,
E purgar um pus
Um pus sublime,
O cuspe de Deus.
Aquele pus não-amarelado,
Mas sim verde
Que escorre das baratas envenenadas
Em seus último momentos de vida.

E por conseguinte:
Em meu poema de funeral
Quero deixar pêsames e pesares
Sobretudo para mim...
Até porque eu sou o defunto,
Até porque eu sou o amadeirado com musk,
Até porque eu sou o filtro d'água
Que não mata a mãe terra.

Se quiser deixe os presentes sobre  o caixão,
Mas não espere que eu vá abri-los.


Poema de DIONÍSIO ODELI.
Escrito a 11 de dezembro de 2011.

sábado, 10 de dezembro de 2011

SEMBLANTE (Parte 3)

... e os cuturnos caminhavam incansáveis pelas sobras de estradas. No profundo breu, pude sentir o formato de tudo, desde o meu corpo até minha linfa até meu coração tresloucado e apavorado com tudo aquilo. A escuridão me apavorava quando criança... Agora, ela e a maçã eram as minhas fiéis companheiras. Estava duas semanas naquele abrigo, onde comi apenas maçãs e vivi na escuridão. Tinha um regime diferente. A fome não escolhia maçãs ou pães secos ou tocos de velas. E a fome foi evoluindo até não ter mais maçãs ou nada disso. Tudo foi escasseando e o bombardeio ia vindo em minha direção. Sentia o ardor, a força e a potência daquele pelotão. Ele era imponente e vinha amassando todas as maçãs e tocos de vela do caminho. Ia mastigando o asfalto e remoendo a carne humana. Não havia poeira. havia umidade. Era uma molhadura que entranhava nos ossos. Pus envolta de mim um plástico para não me molhar tanto. Aquela lama do meu abrigo estava fétida. Tinha um cheiro horrível e uma cor estranha.
   É, lá vinham ele... Podia imaginar as fardas alinhadas, as escopetas numa forma de linha. Sacudiam a estrada. Quando chegaram em cima do meu abrigo... Eu saí, peguei a última maçã e fui em direção a eles. Olhei friamente nos olhos do comandante. Ele me visualizou de cima-abaixo e viu minha condição de miséria.
   Estiquei a maçã para o alto e fiz questão de mostrar a eles do que estava vivendo e como vivia. Ainda não tinha chegado o inverno e essa foi minha sorte. O modo como me olhou o exército inimigo, a pena que eles sentiram de mim acho que nunca aconteceu algo parecido numa guerra. Nem mesmo os nazistas tiveram pena dos civis, quiçá dos inimigos.
   O comandante continuava a me examinar cuidadosmente. Ele não sabia o que fazer. Fiz o gesto para que atirassem em mim, o comandante negou. Fiz, então, o gesto para que me atropelassem, de forma alguma: nem se movimentaram. Eles sabiam que minha morte seria lenta e dolorosa: de fome e de frio. Seguiram em frente e não encostaram um dedo, se quer, em mim.

Escrito a 14 de julho de 2011

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

AH, AQUELAS DOCES PITONISAS

Teimo comigo mesmo que sou poeta...
Sou nada. Sou frangalho...
A parte doente, fria e carcomida
dos nomes poéticos.
Candor, luz, lhoses...
Lhamas, linguajares...

Sou são, fábrica moveleira.
Presente de grego,
Atualidade...
Sou Ulisses,
Verdi,
Cimarosa,
Sou Peri!

Asa negra do romance confeitado:
Nasci.
Sou paralelo às pitonisas doentes,
Passando café,
Com palheiro na boca:
Fumaça, fumaça.

a 15 de agosto de 2011

SEMBLANTE (Parte 2)

... Quando comi a casca da maçã esqueci que tinha de oferecer um pedaço a um rapaz que estava escondido junto comigo. Ele olhava a maçã como se fosse uma atrocidade de guerra. A fome não permitia que fosse racional; pensei por alguns instantes que ele fosse se lançar sobre mim. Não o fez, mas conseguiu me intimidar. Fiquei em silêncio, olhando-o arregalado. Deveria ter uns quinze anos, mas aparentava menos devido à fraqueza e à palidez. Ele parecia ser envolvido por um fino papel branco. Uma brancura nociva, uma brancura insalubre. Quiçá a criatura mais alva que tivesse visto. Dei-lhe um pedaço de maçã: ele comeu saboreando. Mastigava com efervescência, ia diluindo a maçã com a saliva.
   Senti que a fome lhe devorava, e ele devorava aquilo, por sua vez. Deslocava a mandíbula (igual a mim) para sentir o sabor da fruta.
   Aquela fruta mística. Aquilo que devorava a fome que devorava, os civis de uma guerra por exemplo. Íamos ser bombardeados a qualquer instante. E não dispúnhamos dum espaço seguros para permanecer. Eu sentia a morte soprando em meu ouvido.Acendi outra vela, pus num canto e comecei a observar sua cera. Aproximei um pão velho que deixei torrado num instante.
   Escutei um ruído de motores se aproximando. Não faltava muito para minha maçã ser digerida. O adolescente saiu correndo do esconderijo e eu não o vi mais. Os motores vinham se aproximando... E os cuturnos também. Apaguei minha vela e permanecia estático em silência absoluto. Fui escutando aquele som... Senti a breve textura daquela maçã: ela me envolveu numa espécie de frenesi, fui sentindo o calor e o prazer daquele pomo... 

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

SEMBLANTE (Parte 1)

   Comi aquela maçã o mais rápido que pude. Primeiro a casca: vermelha e cerosa e depois a parte carnuda. Sentia o sabor aos poucos, enquanto ia tremendo de horror. Aquela maçã: eis o pomo que envenenou tanta gente, que humilhou a humanidade, mas que acima de tudo saciava a minha fome. Eu simplesmente devorava aquela maçã. Minha saliva digeria aquela maçã. E fui avermelhando também. Imaginava a vida no "front", como deveria ser terrível.
   Estávamos prestes a ser bombardeados e eu não sabia o que fazer. Estava embaixo de alguns escombros esturricados e os suprimentos estavam escassos. Ia morrer, e daí? A morte era melhor que a miséria.
   Aquela maça tinha um gosto epifânico, ia invadindo o hálito e recobrindo o conhecimento. Desgastava o suor tão doloroso. Era um sofrimento mascar aquela maçã, eu sentia aquele cheiro, a textura e o movimento dela entre os meus dentes. As porosidades, a ardência que ela provocava na língua e o dever de engoli-la e ir descendo esôfago abaixo. Era uma maçã discriminada como outra qualquer que ia perder o seu brilho.
   Decidi ignorar a guerra. Ela não me faria bem; desgastava o corpo e o físico humano. Ia deformando o psicológico com o seu poder de persuasão, meu psicológico ainda estava bem, meio raquítico... Mas estava bem. Minha competência privava o meu saber sobre esses conflitos...

Continua...

Escrito a 14 de julho de 2011

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

HILO

Imperfeição, incredulidade
Sopa amorfa.
Sentimento esgotado de si...
Que se esvaiu com o tempo
Carcomendo os viajantes esgotados.
A ponta infinitesimal de um cubo
E muito menor que a infinita alma de um pato.

Assombrado pela noite
Temo que o dimorfismo sexual do sino
No campanário...
Seja tão lógico e evidente
Que eu sofra miopia ilógica
E que estou demente.

a 07 de dezembro de 2011

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Montblanc: a escrita como artigo de luxo!

   A firma Montblanc nasceu em Hamburgo, no norte alemão, em 1906, quando a própria invenção da caneta-tinteiro datava de pouco mais de 20 anos. De início, a fábrica trazia um nome modesto: Simplo Filler Pen Company. Mesmo assim, seus fundadores – o comerciante Claus-Johannes Voss, o banqueiro Christian Lausen e o engenheiro Wilhelm Dziambor – se haviam proposto nada menos do que produzir "a melhor caneta do mundo".

   A designação Montblanc foi adotada somente quatro anos mais tarde. Sua inspiração foi a montanha mais elevada da Europa, localizada nos Alpes. A gravação do 4810, na pena de cada caneta-tinteiro, corresponde à altura da montanha. Um cartaz de 1910 mostra o pico do Mont Blanc coberto de neve, ao lado de uma gigantesca caneta com tampa de topo branco.


   Hoje, tradicional empresa familiar pertence ao grupo internacional Richemont (Cartier, Piaget, A.Lange & Söhne), e tem um faturamento anual de 3,7 bilhões de euros. Em todo o mundo, a Montblanc emprega 2500 funcionários, sendo 650 em Hamburgo.

   O modelo clássico custa em torno de 300 euros. Uma jóia rara é o modelo com 4810 brilhantes, vendida ao preço de 125 mil euros, que em 1994 entrou para o Livro Guinnes de recorde como o instrumento de escrita mais caro do mundo. O presidente norte-americano George W. Bush quase chegou a ganhar uma das cobiçadas canetas-tinteiro cravejadas de brilhantes, só não pode aceitá-la porque o posto só lhe permite presentes de empresas com um valor limite de 200 dólares.

A famosa e tradicional Meisterstuck 149:


Mont Blanc Starwalker:


A famosa linha bohème com as gemas:


Bohème royal, a peça mais cara do aglomerado industrial da Mont Blanc, 1430 diamantes cravejados.



segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

O LAÇO LARANJA E A CAIXA BRANCA

Fui deixado ao lado do defundo...
Esperando a noite passar.
Algodão nas narinas...
Um sangramento ali e outro lá.
Joguei cartas,
Contei até cem...
Cochilei...
Fui me deformando com o defunto.
E do meu lado uma caixa branca
com uma gota de sangue,
com um laço laranja.
Com cheiro de vela,
Com folha de samambaia.
Com cera derretida.

Fui deixado ao lado do defunto...
Cheguei a fumar cachimbo,
Para ribombar... Sobreviver,
Meu velório.



MOLESKINE: CULTURA, IMAGINAÇÃO, MEMÓRIAS, VIAGEM E IDENTIDADE PESSOAL

   Moleskine é uma marca que identifica uma família de cadernos, agendas e guias de viagem: instrumentos ágeis e essenciais que acompanham o cotidiano e o extraordinário, formando parte integrante da personalidade de cada um de nós.





  O caderno que utilizaram artistas e intelectuais dos últimos séculos, como Van Gogh, Pablo Picasso, Hemingway e Bruce Chatwin.
   Um bom companheiro de viagem en formato de bolso que guarda rascunhos, apontamentos, histórias e pensamentos antes de se tornarem imagens famosas ou em páginas de livros amados e admirados por todo o mundo.


   Com suas diferentes tipologias de páginas, o caderno Moleskine acompanha as profissões criativas do nosso momento atual.  Com Moleskine, a antiga prática da escrita análogica, encontrou meios na web e em suas comunidades.


  

   Com um preço bem salgado (entre 50 e 90 reais), esses caderninhos são duráveis e de bastante qualidade (como o papel creme, livre de ácido e a capa de couro, impermeável). O investimento vale cada centavo para quem precisa se comunicar através das palavras. O mais fascinante são as edições limitadas e sazonais e também o jogo de cadernos chamados passions, uma série de livros (imagem abaixo) com espaços para serem preenchidos com as paixões de cada um: livros, músicas, vinhos, receitas, dietas, entre outros. São facilmente encontráveis nas Livrarias Catarinense e também na Livraria Cultura.


 

domingo, 4 de dezembro de 2011

POESIA DE JORNAL V

CONTRÁCTIL

Morena linda dos olhos verdes
Quero seu amor,
Dou aquilo que me pedes
Porque sois a linda flor,
Que do outono se despede.
Morena linda, dos olhos maravilhosos
Não sei quê falar...
Digo-lhe: são muito formosos,
Então vou lhe cantar,
Poemas deliciosos.
Do amor extremo do amor,
Extraio o melaço,
Traz-me teu calor,
Meu alvo mormaço
Acalenta minha dor
Com um molhado beijo e um abraço.

Publicado a 26 e 27 de março de 2011

POESIA DE JORNAL IV

VIVER

Na terra molhada, do sol seco...
Uma vida enterrada,
uma vida inventada.
Quando a terra seca
talvez meu coração segue.
A umidade dele vai embora,
a secura da minha boca
Fere o meu sangue.
Minha boca está seca.
Minha alma está ferida...
Meu coração machucado,
Meu romance magoado.
Te amo, minha doce pluma do coração
Te adoro, meu anjo da solidão,
Te quero, minha dose de compaixão.

Publicado a 16 e 17 de outubro de 2010

POESIA DE JORNAL III

SONETO II

Rosas murchas sobre minha mesa
Cheiro de suor e veneno,
Ossos de humano, calor ameno,
Licor e cálices cheirando à cereja.

Um caderno cheio de chatices,
"Noites Brancas" noutro canto,
Fiódor não entende o meu pranto,
Vive me dizendo tolices.

Cadernos pequenos e coloridos e pautas,
Folhas secas na toalha acompanhando meu tinteiro,
Suave é a noite, suaves são as flautas.

Tubo de cola e uma forma qualquer, um candeeiro,
Luzes e santos de branco, santa a cruz de Malta
Minha mesa guarda tudo, menos seu coração e dinheiro.

Publicado a 05 de outubro de 2010

POESIA DE JORNAL II

AS DOCAS E AS MARINAS

Os barcos se deitam sobre o céu no lusco-fusco,
Nas águas do veludo avermelhado, dum sonho,
Nas águas dum mar perdido, tão medonho,
Estou sem ti amada. E ti, ainda busco.

Os banhistas lavam suas almas no doce sal,
Os coqueiros brincam com o vento,
O vento do amor, que me traz algum alento
Num momento de amor, frágil como cristal.

As nuvens correm perdidas como meninas,
Num horizonte aberto e colorido,
Delimitado pelas águas puras, verdes e salinas.

Deixando-me tão confuso, apaixonado e perdido,
Parado, mirando por momentos: docas e marinas,
Paradas como eu criando um futuro tão sofrido.

Publicado a 22 de fevereiro de 2010

POESIA DE JORNAL I

   A publicação de poesias por meio de jornais é um meio extremamente importante para divulgação do material poético ao meio popular.  Através de escritos, as pessoas conseguem se entreter lendo, refletir sobre o eu-lírico e manifestar suas opiniões em "cartas-de-leitores" que os jornais dispões.
   Abaixo segue um poemas escrito por mim e publicado num jornal da minha região:

ILUSÃO

Senti o gosto amargo da injustiça,
Que somente o tolo sente,
No peito,
Que o tempo termina em uma missa,
Demonstrando um fato ou feito.
Senti o gosto amargo da solidão,
Gosto que ainda está em minha boca,
Que vai estourando como bolinha de sabão,
Quando os dedos magros da menina toca.
Senti o gosto amargo da tristeza,
Me reprimo como se fosse verdade,
Que tira do amor toda sua beleza,
Porque hoje não sei o que é felicidade.
Senti o gosto amargo do virar de rostos,
Que de costas ficam a mim,
Com desprezo,
E assim mantém os seus gostos,
E saem da guerra ilesos.
Senti o gosto amargo da enganação,
Um gosto persistente em meus lábios,
Que corta os dentes,
Furando o coração
Tão duro, desprovido de ressábios.
Sabe, tudo é inútil a civilização.
O menosprezo é honra, é prêmio,
é ouro.
Porém o mundo, fora de mim é duradouro,
Porque hoje senti o gosto amargo da ilusão.

Publicado a 12 de setembro de 2008.