sexta-feira, 15 de março de 2013


WASP

(Por Carlos Eduardo Heinig)

E cada golpe que recebo
No ponto de ônibus,
Na frente do aviário
Me indisponho com a mecânica
 Me deixo esperando:
Queixa pleonástica.
Dividendo.
Primando os colares de mulher dela.
Anunciando uma causa dominada,
Expresso a inferioridade minha
Esculpida no falcão de madeira.

Ajeitando o bolso e a ribana da calça,
Esperando – eu – que ganhe alguma coisa.
Tudo arruinado.
Advindo do mal respondido
Que surge da terra.

E cada corpo ausente
Que me esvai, repouso sentado.
Profiro três palavras de consolo
Porque não sirvo para consolo
Nem para tentação.
Nem para músculos,
Nem para rodopios,
Ou pães franceses.
Nada que cresce, tudo me retém.
Infelizmente, ainda seguro meu suspensório.
Recordo das pálpebras famintas
Piscando em minhas costas masculinas,
Seus lábios fêmeos.
Sua formas efêmeras,
Com beatitude do relógio pontual.

Suas mãos sobre a escrivaninha
São as mãos de Cristo murchas
Da manicure.
A cutícula estava dura demais.
O sobressalto, alto.
A infâmia, precoce.
E o rebuliço, coxo.
De dois pés na espuma do mar...
Assumo sua flacidez na barriga.
XX, te aplaudo enquanto bebes.
Vomito a sopa pra ti,
É um pouco de pedantismo que comas.
Por isso, a flauta enquanto comes
E a etiqueta cortada, se bebes.

Por isso, o espelho se viras e
A ternura, se tapas à minha cara.
Viro o rosto do Cristo, que ele quer passar maquiagem.

14 de março de 2013.

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